ESTRUTURA DE PODER

quinta-feira, 14 de junho de 2012



Em 1973, o Governo do Estado elaborou um estudo, intitulado Região do Seridó[1], no qual foram descritos e analisados, minuciosamente, todos os problemas enfrentados pelos seridoenses na época. Transcrevo, abaixo, um tópico desse estudo:

ESTRUTURA DO PODER

A agropecuária, associada ao latifúndio, determinou a estrutura do poder. Os níveis econômicos e sociais da região ainda demonstram uma evolução marcada por um poder forte nas mãos dos grandes fazendeiros – senhores patriarcais. O latifúndio passou a ser um sistema de poder. Daí porque os líderes políticos mais importantes da região tiveram suas bases nas grandes propriedades. Trata-se do poder político ou lideranças políticas emanando daqueles que possuem a terra.

A evolução política regional foi ditada pelo “Cel. Sertanejo”, que assumia na vida das comunidades rurais funções múltiplas e variadas. Tido como chefe de clã, envolve nesse título não só a família, mas toda a população mais próxima que vive em função do seu prestígio, sua força. Chefe político monopoliza, pela presença, pelos recursos de que dispõe, todo o feudo que lhe ouve e executa as vontades como uma registradora.

Atua no comércio, sendo também o arauto de todas as manifestações religiosas de sua terra. É o elemento de primeira ordem. É o centro da vida local.

A máquina política deverá ser comandada por ele. É tudo na base de “favor se paga com favor”. Nesta troca de favores implanta seu sistema de poder, ligado também aos laços de parentesco, e interesses econômicos, políticos e sociais do próprio coronel.

Assume, o patriarca, as funções de chefe, centro natural da família, obedecido e temido por todos. As suas atribuições são variadas, assumindo todas as funções de comando em seu município. É o chefe por excelência. É a lei. A vida social e política gira exclusivamente em torno e em função de sua pessoa.

Até bem pouco, era esta a característica fundamental da vida política seridoense.

Hoje, outras bases políticas e – consequentemente – formas de lideranças começam a surgir na região. Os líderes políticos já necessitam reafirmar permanentemente seus méritos para garantir a permanência em uma posição de prestígio político. Os papéis já não estão vinculados exclusivamente às estruturas familiares. Os centros urbanos exigiram outras características para seus líderes. Mesmo permanecendo região tipicamente rural, algumas mudanças tentam alterar os esquemas tradicionais.

Com o aumento populacional e a insuficiência de infraestrutura sanitária, por exemplo, a classe média passou a assumir lideranças políticas com base no assistencialismo médico-sanitário às populações, sobretudo, de centros urbanos da região.

Mas, as mudanças ainda não se afirmaram completamente nos esquemas mentais da população. As pequenas cidades são meros centros residenciais de populações ligadas diretamente à agricultura, de baixo nível de renda. São comunidades locais onde os grupos mantêm relações íntimas, face a face, e o controle dos negócios e vida cabe a todos. São mais apegados às tradições que às normas legais. As decisões básicas vêm de fora e sempre acompanhadas de prestígio. É o prestígio a motivação que produz a difusão da mudança para as populações e serve de embasamento para as lideranças políticas.


[1] Região do Seridó – Série Base Econômica das Micro-Regiões do RN VI – Secretaria do Planejamento e Coordenação Geral – convênio Sudene / Serfhan / Gov. do Estado – Volumes I e II – Natal – 1973.

4 comentários:

Anônimo disse...

a estrutura de poder está mais predatória. qualquer um que tenha dinheiro suficiente para concorrer a prefeito da cidade, faz as contas, se houver possibilidade de ganhar, com certeza haverá lucros expressivos na empreitada. depois de eleito: poderá vender seu apoio a candidatos que concorrem a deputados, senadores e governadores, será muito mais fácil ter acesso a informações previlegiadas e, a galinha dos ovos de ouro, desvio de dinheiro público. o candidato rico compra votos no varejo: a oferta de dinheiro rápido e fácil, faz as pessoas( sem alternativas e já viciados) com pouca renda ou sem nenhuma, venderem seus votos. no atacado: empresários, fazendeiros e políticos que contam com os votos de pessoas que lhes devem dinheiro ou favores expressivos, vendem seus apoios ao candidato rico em troca de uma cesta de benefícios, que vão de empregos para parentes, dinheiro vivo e acordos que fortalecem as confluências de interesses.

Anônimo disse...

Esse comentarista anônimo tomou conta da postagem de comentários no Blog do Alcimar. É muito criativo. Mas os bicudos na Gramática...

Anônimo disse...

elidio e rogerio querem a bola de ouro e poder.

Anônimo disse...

ave trabalhadores rurais de Jardim, que põem nossa indispensável mesa.
ave pioneiros da tecelagem, que causaram a principal vocação econômica de Jardim.
demorará muito, para libertamos o ave representantes do povo?

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